PROGRAMA OFICIAL DA 4ª MOSTRA DO CLUBE TEX PORTUGAL

PROGRAMA OFICIAL

da 4ª Mostra do Clube Tex Portugal

Data: 29 de Abril (sábado) e 30 de Abril (Domingo)
Horário:
11h00 – 19h00 horas
Local: Museu do Vinho Bairrada – Anadia
Entrada:
GRATUITA (com direito a entrada gratuita na Exposição Permanente, designada por Percursos do Vinho e exposta ao longo de seis salas temáticas, com peças de valor arqueológico, etnográfico e técnico, reunidas com a colaboração de diversos vitivinicultores, entidades locais e nacionais, e para as Exposições Temporárias, onde se revelam a pintura e o desenho de Gabriela Carrascalão — Mana Timor — e algumas das melhores caricaturas e arte digital de Rui Duarte — Mr. Vin e Companhia).

Tema: Esta quarta Mostra do Clube Tex Portugal tem como ponto alto a presença de dois dos mais consagrados autores italianos de banda desenhada, Andrea Venturi e Maximiliano Leonardo (Leomacs), que vêm expor trabalhos de sua autoria relacionados com a série Tex, da Sergio Bonelli Editore.

Andrea Venturi e “Os Pioneiros” Uma dúzia de pranchas do autor, seleccionadas pelo próprio, que pretendem dar a conhecer aos visitantes, no seu formato original, algumas da mais belas páginas de uma das mais elogiadas histórias da colecção Tex Gigante.

Leomacs e “Ouro Negro” — Uma dúzia de pranchas do autor, seleccionadas também pelo próprio, que pretendem dar a conhecer aos visitantes da 4ª Mostra do Clube Tex Portugal, no seu formato original, algumas das mais belas páginas de uma das mais recentes e inusitadas histórias de Tex e que complementam o lançamento desta obra em Portugal: Ouro Negro”, através do selo da Polvo.

Cartazes oficiais da 4ª Mostra do Clube Tex Portugal

Programa

Sábado, 29 de Abril
15h00 Inauguração Oficial da 4ª Mostra do Clube Tex Portugal (Auditório);
15h45 Espumante de Honra, aberto aos convidados e público presente;
16h00 Apresentação do livro “Ouro Negro” (Polvo), de Gianfranco Manfredi e Leomacs, com a participação de Leomacs, Rui Brito e Mário João Marques, sob moderação de João Miguel Lameiras (Auditório);
16h30 — Sessão de autógrafos com Andrea Venturi e Leomacs, disponível para todo o público presente, durante a qual os autores terão oportunidade de assinar os desenhos feitos por cada um, especialmente para cartazes da Mostra. Para quem adquirir o livro “Ouro Negro”, o desenhador Leomacs autografará em exclusivo cada exemplar;
18h00  Desenho ao vivo com Andrea Venturi e Leomacs, EXCLUSIVO para sócios do Clube Tex Portugal (desenhos para não sócios somente depois de atendidos os pedidos dos sócios presentes);
20h30 Jantar/Tertúlia com a participação de Andrea Venturi e Leomacs (Restaurante “Nova Casa dos Leitões”).

Domingo, 30 de Abril
11h00 — Desenho ao vivo com Andrea Venturi e Leomacs, EXCLUSIVO para sócios do Clube Tex Portugal (desenhos para não sócios somente depois de atendidos os pedidos dos sócios presentes);
12h00 Sessão de autógrafos com Andrea Venturi e Leomacs;
13h00 Almoço/Tertúlia com a participação de Andrea Venturi e Leomacs (Restaurante “Curiagrillbar”).

15h00 — Conferência Tex com a participação de Andrea Venturi, Leomacs, Dorival Vitor Lopes e Júlio Schneider, sob moderação de Pedro Cleto (Auditório);
16h00  Sessão de autógrafos com Andrea Venturi e Leomacs;
17h00 — Desenho ao vivo com Andrea Venturi e Leomacs. EXCLUSIVO para sócios do Clube Tex Portugal (desenhos para não sócios somente depois de atendidos os pedidos dos sócios presentes);
18h15 — Festa de Encerramento.

Convite para a Inauguração da 4ª Mostra do Clube Tex Portugal

(Para aproveitar a extensão completa das imagens, clique nas mesmas)

MAIS UM NÚMERO DO “FANDWESTERN”

Imparável, cheio de energia e de uma regularidade impressionante, na sua actividade de faneditor, José Pires lançou este mês mais dois números dos seus excelentes fanzines Fandclassics e Fandwestern, o primeiro dedicado, na fase actual, à famosa série Terry e os Piratas, criada pelo mestre Milton Caniff em 1934, e que neste fanzine irá ter reprodução integral, dividida por 24 volumes, com 70 páginas cada. Um esforço digno de apreço, tanto mais que se trata do melhor período desta série, quase inédito no nosso país, e que José Pires conta divulgar no espaço de dois anos!

Quanto ao Fandwestern, fanzine mais antigo e de prestigiosas tradições, publica neste número outro episódio da série fetiche de José Pires: Matt Marriott, a inolvidável criação de Tony Weare (desenhos) e James Edgar (argumento), estreada entre nós no Mundo de Aventuras nº 437, de 2/1/1958, com o nome do herói alterado para Calidano, o Justiceiro.

O certo é que esse bizarro nome pegou e a série fez carreira no Mundo de Aventuras e noutras publicações da mesma editora (onde sofreu “tratos de polé”, devido ao pequeno formato dessas revistas), até ter direito a aparecer com o seu verdadeiro título, quase uma década depois, no nº 845 do Mundo de Aventuras.

Diga-se desde já que este número do Fandwestern tem um interesse acrescido, pois apresenta um dos últimos episódios desenhados por Tony Weare, na sua maioria ainda inéditos entre nós. Mais uma performance de José Pires que, no caso de Matt Marriott, já anunciou também a sua publicação integral, em 68 volumes, editando a propósito (para os leitores mais curiosos) um catálogo com todas as capas desta série, além das primeiras tiras e dos títulos originais dos 68 episódios que constituem a colecção.

(Nota: ver mais informações sobre os fanzines publicados por José Pires noutros blogues da nossa Loja de Papel: O Gato Alfarrabista, A Montra dos Livros e O Voo d’O Mosquito).

TEMAS DE FILMES: RUMO AO DESCONHECIDO, PELAS TRILHAS DO OESTE

Um clássico entre os maiores sobre a conquista do Oeste, A Caravana Perdida (1951) converteu-se num dos filmes preferidos de John Ford (1895-1973) — de quem era a história original, adaptada em argumento cinematográfico por Frank Nugent (seu habitual colaborador) e (o próprio filho) Patrick Ford. Tendo assumido a produção com Merian C. Cooper, para Argosy a cargo da RKO, Ford inspirou-se em factos reais, ocorridos por 1849, almejando — como vectores dramáticos/narrativos — a simplicidade e as emoções, numa magistral emergência romântica e optimista. Espíritos rudes, força telúrica.

A infinita matriz visionária do cineasta é estilizada pela fotografia de Bert Glennon, em prodigioso preto e branco, tendo por contraponto palpitante a música de Richard Hageman, ainda com recurso aos Sons of the Pioneers. Eis todo o tipo de pessoas, de anos e sexos vários, sob humores e perigos variegados. Como se o próprio coração da América, premente e genuíno, se revelasse pois — numa pulsão latente, intemporal, da natureza humanista com a paisagem arrebatadora.

(Nota: artigo de José de Matos-Cruz publicado em Imaginário #658, de onde o reproduzimos, com a devida vénia)

A MAGNÍFICA ARTE DE LEOMACS NA 4ª MOSTRA DO CLUBE TEX PORTUGAL

Nos próximos dias 29 e 30 de Abril realizar-se-á na cidade de Anadia, capital da região bairradina, a 4ª Mostra do Clube Tex Portugal, onde obviamente não deixará de estar presente em grande destaque a personagem Tex Willer, não só pelas duas exposições associadas ao Ranger, que terão lugar no Museu do Vinho Bairrada, mas também pela presença dos conceituados desenhadores italianos Andrea Venturi e Leomacs.

Tex num duelo na Main Street de Anadia, em pleno século XIX, na belíssima arte de Leomacs.

Como forma de agradecimento por este convite português, Leomacs, pseudónimo de Massimiliano Leonardo, desenhou o Tex em Portugal, mais precisamente num duelo na Main Street de Anadia, em pleno século XIX, tornando assim esta quarta presença do Ranger na capital da Bairrada — uma região rica e afamada pelo leitão, mas também pela produção de apreciados espumantes —, muito mais especial, como podemos ver num desenho que o blogue português do Tex divulgou para o mundo, mas sobretudo para os apaixonados Texianos portugueses, em mais um inédito e exclusivo mundial, desenho esse que será oferecido a todos os fãs e coleccionadores do Ranger que comparecerem em Anadia nos dias 29 e/ou 30 de Abril.

(Post reproduzido, com a devida vénia, do Tex Willer Blog. Para ver as imagens em toda a sua extensão, clique duas vezes sobre as mesmas).

Leomacs, na sua prancheta, a desenhar Tex. Em baixo, cartaz da 4ª Mostra do Clube Tex Portugal.

“INOCENTE DE QUALQUER CRIME!”

Página ilustrada por Ruggero Giovannini (1922-1983) e publicada na contracapa do Mundo de Aventuras nº 856, de 17 de Fevereiro de 1966.

 BREVE BIOGRAFIA DE GIOVANNINI

Giovaninni, um dos “monstros sagrados” do fumetto italiano, mestre do claro-escuro, com um grande domínio do movimento e da técnica narrativa, mas sempre insatisfeito, em busca da síntese gráfica e do dinamismo na estilização, iniciou a sua prolífica carreira ainda muito jovem nas páginas do semanário católico Il Vittorioso, com histórias de todos os géneros (excepto a ficção científica), que nas suas mãos pareciam adquirir uma estética nova, realçada pelo vigor expressionista do traço.

Muitas delas figuram também no sumário do Cavaleiro Andante (incluindo Álbuns e Números Especiais) e de outras revistas portuguesas, como Mundo de Aventuras, Condor, Titã, Colecção Alvo, Condor Popular — onde foi igualmente vasta a sua produção de westerns dignos de antologia, como “As Grandes Águas”, “A Ultima Fronteira”, “A Vingança de Mocassin Rosso”, “Sombras Selvagens”, “Águia Veloz”, “Em Nome da Lei”, entre outros.

Influenciado pelo estilo de alguns desenhadores americanos, sobretudo Will Gould, Frank Robbins e Milton Caniff, Giovaninni distinguiu-se entre os autores de fumetti da sua geração pela facilidade em retratar ambientes históricos, género em que viria a especializar-se, tanto no Il Vittorioso como em revistas inglesas, para as quais começou a trabalhar nos anos 60, produzindo inúmeras criações com um traço sempre estilizado e a sua refinada técnica do preto e branco.

Entre as suas “coroas de glória” desse período destacam-se as adaptações de vários clássicos literários, como Ben-Hur, Os Três Mosqueteiros e O Último dos Moicanos, e em particular a série Olac, o Gladiador, onde ficou gravada a sua mestria no estilo realista e nas narrativas de temática histórica. Olac foi um dos heróis mais célebres da BD inglesa e fez também as delícias dos leitores do Mundo de Aventuras, que publicou vários episódios.

Durante os últimos anos de vida, Giovaninni colaborou no Il Giornalino, outra célebre revista italiana, para a qual produziu excelentes séries como Capitan Erik, Ricky e I Biondi Lupi del Nord. Morreu prematuramente na sua cidade natal, Roma, em 5 de Março de 1983.

Aqui têm três capas d’O Falcão alusivas a histórias de cowboys que Giovaninni desenhou nos anos 60 e publicadas originalmente na revista inglesa Thriller Picture Library.

A DESLUMBRANTE ARTE DE ANDREA VENTURI NA 4ª MOSTRA DO CLUBE TEX PORTUGAL

Como já anunciámos, nos próximos dias 29 e 30 de Abril realizar-se-á na cidade de Anadia, capital da região bairradina, a 4ª Mostra do Clube Tex Portugal, onde obviamente não deixará de estar presente, em grande destaque, a personagem Tex Willer, não só pelas duas exposições associadas ao Ranger, mas também pela presença dos conceituados desenhadores italianos Andrea Venturi e Leomacs.

Como forma de agradecimento por este convite português, Andrea Venturi desenhou Tex Willer e Kit Carson em Portugal, mais precisamente junto ao Monumento dos Mortos da Grande Guerra, na Praça Visconde Seabra, em Anadia, e com o edifício da Câmara Municipal ao fundo, tornando assim esta quarta presença do Ranger na capital da Bairrada — uma região rica e afamada pelo leitão, mas também pela produção de apreciados espumantes — muito mais especial, como podemos ver de seguida num desenho que  o blogue português do Tex divulgou para todo o mundo, mas sobretudo para os apaixo- nados Texianos portugueses, em mais um inédito exclusivo mundial. Esse magnífico desenho será oferecido a todos os fãs e coleccionadores do icónico Ranger que comparecerem em Anadia, nos dias 29 e/ou 30 de Abril, e retrata também o “velho” Kit Carson em terras portuguesas, já que pela primeira vez o célebre “Cabelos de Prata” acompanha o seu pard Tex Willer ao nosso país.

Tex Willer e Kit Carson em Anadia, Portugal

Como curiosidade e para efeito de eventual comparação deste magnífico desenho do autor italiano, mostramos a fotografia em que Andrea Venturi se inspirou para a realização desta homenagem que quis prestar à bela e acolhedora cidade de Anadia.

O monumento localizado no jardim da cidade, em plena Praça Visconde Seabra, é dedicado aos soldados do concelho de Anadia mortos no decurso da 1ª Grande Guerra Mundial. Foi projectado por António Joaquim da Conceição, artista natural de Ferreiros, Anadia, e inaugurado a 8 de Dezembro de 1929, com a seguinte inscrição: “Aos mortos da Grande Guerra. O Concelho de Anadia.

Na magnífica ilustração de Andrea Venturi também se vê, ao fundo, um dos edifícios mais emblemáticos da encantadora capital bairradina: a Câmara Municipal, que em anos anteriores também foi desenhada por Pasquale Del Vecchio e Stefano Biglia [convidados, respectivamente, da 1ª e 2ª Mostras do Clube Tex Portugal, realizadas em 2014 e 2015].

Poucas são as cidades, inclusive em Itália, que se podem orgulhar de já ter sido visitadas por Tex e Kit Carson. Por isso, caro pard texiano, não deixe de comparecer em Anadia, entre os dias 29 e 30 de Abril, para conviver com Andrea Venturi e muitos fãs e coleccionadores do Ranger que já confirmaram a sua presença, alguns até vindos do estrangeiro, e para ganhar o fantástico desenho de Tex e Carson em Anadia, devidamente autografado!

(Post reproduzido, com a devida vénia, do Tex Willer Blog. Para aproveitar a extensão completa das imagens, clique nas mesmas)

CINE-WESTERN E LITERATURA – 2

TRUE GRIT ou a maturidade do “Western”

Texto de Jorge Magalhães

indomavel-cartaz-do-filmeEm 17 de Fevereiro de 2011, estreou-se em Portugal, com o título Indomável, um dos filmes mais aguardados pelos cinéfilos que costumam acompanhar febrilmente a corrida aos Óscares, mas também por todos os apreciadores de “westerns” que lamentam que o seu género favorito tenha sido quase votado ao ostracismo pelos produtores de Hollywood, mau grado o êxito, nas últimas décadas, e a qualidade artística de filmes como Silverado (1985), Danças com Lobos (1990), Imperdoável (1992), O Último dos Moicanos (1992), Tombstone (1993), Wyatt Earp (1994), Rápida e Mortal (1995), Desaparecidas (2003), Open Range (2003), O Comboio das 3 e 10 (2007), Duelo de Assassinos (2007), Django Libertado (2012), O Renascido e Os Oito Assassinos (2015) ou Os Sete Magníficos (2016).

A distância temporal entre eles — quando nos lembramos de que no século passado, durante várias décadas, se produziram dezenas de “westerns” por ano, oriundos de pequenos e grandes estúdios — é mais o reflexo do alheamento dos produtores que do desinteresse do público, visto que quase todos conseguiram resultados de bilheteira que superaram as expectativas e até, como nos casos sem precedentes de Danças com Lobos e Imperdoável, os Óscares de melhor filme e de melhor realizador.

jeff-bridges-e-hailee-steinfeld-226x300Em 2016, feito quase idêntico foi alcançado pelo filme O Renascido, que deu a Leonardo di Caprio o Óscar de melhor actor e averbou mais dois prémios noutras categorias. Embora não tivessem conseguido ganhar nenhuma das cobiçadas estatuetas, Indomável (True Grit), um filme dos irmãos Joel e Ethan Cohen, com Jeff Bridges como protagonista, Django Libertado e Os Oito Assassinos, os mais recentes êxitos do irrequieto e polémico Quentin Tarantino, vieram relançar a questão da sobrevivência do “western”, um dos géneros cinematográficos mais antigos, mas que literariamente (salvo raras excepções) perdeu todo o fulgor que teve nos séculos XIX e XX.

Esse filão literário foi intensamente explorado pelos produtores e realizadores de Hollywood, dando origem a inúmeros filmes da série B, de cariz mais comercial do que artístico, mas também a produções ambiciosas, de elevado conteúdo estético, épico e dramático, que enobreceram o género e cimentaram o prestígio dos seus realizadores e intérpretes — como (entre muitas outras) A Caravana Gloriosa, Stagecoach (Cavalgada Heróica), Consciências Mortas, Rio Vermelho, Duelo ao Sol, Forte Apache, Shane, A Desaparecida, Cimarron, O Homem que Matou Liberty Valance, Pequeno Grande Homem ou A Velha Raposa.

charles-portisEste último foi o título dado em Portugal a True Grit, uma novela de Charles Portis adaptada pela 1ª vez ao grande ecrã em 1969, num filme realizado por Henry Hathaway, que valeu ao mítico actor John Wayne o seu primeiro e único Óscar. Em 2010, foi a vez dos irmãos Cohen redescobrirem o livro de Portis, abordando com novo realismo a história de uma obstinada rapariga (Mattie Ross) que contrata um velho xerife alcoólico e rabugento, mas implacável na defesa da lei e destro no manejo das armas (Rooster Cogburn), para ajudá-la a vingar a morte do pai, assassinado por um miserável vagabundo (Tom Chaney) que traíra a sua confiança.

Publicada em 1968, True Grit, a segunda novela de Charles Portis (na foto) — que, depois de participar na guerra da Coreia, se dedicou ao jornalismo, tornando-se escritor por vocação —, conheceu um sucesso imediato graças ao filme de Hathaway, com um John Wayne já envelhecido, mas imponente e audacioso como nunca, de pala no olho e rédeas nos dentes, carregando ferozmente sobre um grupo de bandoleiros, num dos últimos e maiores papéis da sua longa carreira.

Mas só 18 anos depois esse livro seria traduzido para português, numa colecção de saudosa memória, criada em 1982 pelas Publicações Europa-América, a colecção Western, que reuniu muitos autores famosos, desde Zane Grey, Clarence Mulford e Edgar Rice Burroughs (sim, esse mesmo… o criador de Tarzan!) a Louis L’Amour, Frank Gruber, W. R. Burnett, Elmer Kelton — todos norte-americanos, representando a essência do genuíno “western” literário, que nasceu muito antes dos primeiros filmes de “cowboys”.

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Alguns dos títulos incluídos nessa colecção são marcos de fundamental importância na relação entre literatura e cinema “western”, como Shane e Monte Walsh, de Jack Schaefer, Duelo ao Sol, de Niven Busch, O Maioral, de Owen Wister, A Cidade Turbulenta, de Max Brand, Incidente em Ox-Bow, de Walter van Tilburg Clark, Céu Aberto, de A. B. Guthrie Jr., ou mesmo O Último Moicano e Os Pioneiros, de James Fenimore Cooper, considerado por muitos o verdadeiro percursor do género. Todas estas obras foram adaptadas ao cinema, sob a direcção de grandes mestres como George Stevens, King Vidor, Victor Fleming, George Marshall, William Wellman, Howard Hawks e Michael Mann.

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Como ainda é possível encontrar alguns destes livros entre restos de edições da Europa- -América (disponíveis nas suas livrarias), aconselhamos os nossos leitores a não perderem o ensejo de conhecer uma das melhores colecções do género que já se publicaram em Portugal, constituída por 54 volumes em formato de bolso, com preço módico, traduções razoáveis (algumas até bastante boas) e um design gráfico das capas — na sua maioria excelentemente ilustradas por José Pires — que evoca as adaptações cinematográficas, nada ficando a dever ao das suas congéneres estrangeiras.

True Grit (A Velha Raposa), um livro que acabei recentemente de reler, foi o nº 32 dessa colecção, uma das muitas que enchem as minhas estantes, alimentando ainda hoje um insaciável fascínio pelo género. Voltaremos ao assunto muito em breve, neste blogue, com outro grande clássico da literatura western.

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Nota: Quem estiver interessado em ler True Grit, de Charles Portis, tem ao seu dispor outra boa edição portuguesa, com o título do filme dos irmãos Cohen, oportunamente dada à estampa pela Editorial Presença (2011), embora com uma capa muito inferior à que José Pires (com toda a sua experiência e interesse pelo género) desenhou para a colecção Western, da Europa-América, em 1986.

ANDREA VENTURI E LEOMACS ESTARÃO PRESENTES NA 4ª MOSTRA DO CLUBE TEX PORTUGAL

ANADIA, A CAPITAL PORTUGUESA DE TEX, RECEBE MAIS DOIS ILUSTRES ARTISTAS ITALIANOS

Texto de Mário João Marques

Venturi estará em Anadia, a 29 e 30 de Abril, para deleite dos fãs de Tex e Dylan Dog

Depois de ter frequentado o Liceu Artístico e a Academia de Belas Artes de Bolonha, trabalhado em publicidade e no estúdio de Bruno Bozzetto, Andrea Venturi (nascido em Bolonha em 1963) chega à banda desenhada em 1989, estreando-se na revista Mostri. Entre 1992 e 1996 desenha quatro aventuras para Dylan Dog, com destaque para Jonhy Freask, considerada como uma das melhores de sempre da série. Estreia-se em Tex, desenhando L’uccisore di indiani, aventura escrita por Claudio Nizzi e publicada no Almanacco del West 1996, o que lhe valeu ter sido escolhido para desenhar as capas de Magico Vento, trabalho que realizou até ao n. 31 desta série, regressando em definitivo a Tex, onde se vai estrear na série mensal em 1998 com Oppio.

Simpático e humilde, Venturi recolhe a adesão dos leitores e os favores da crítica, permane- cendo até hoje como um dos baluartes de Tex, onde já teve oportunidade de assinar grandes trabalhos como Le Foreste dell’Oregon, Documento d’Accusa ou L’Artiglio della Tigre, sempre com Claudio Nizzi, assim como I Pionnieri, escrito por Mauro Boselli, a justa consa- gração deste notável desenhador, onde o autor consegue captar a essência dos grandes westerns, revelando uma visão ampla e grandiosa que poucos conseguem transmitir, através do seu traço potente e dinâmico e um cuidado reverencial à qualidade geral de cada prancha, a que a alternância de enquadramentos confere uma profundidade ímpar.

“Os Pioneiros”, a justa consagração do notável desenhador Andrea Venturi

Leomacs, pseudónimo artístico de Massimiliano Leonardo, nasceu em Roma em 1972, tendo iniciado a sua carreira em 1993 na serie Dark Side de Roberto Recchioni, autor que vai acompanhar em Napoli Ground Zero, Detective Dante e Battaglia. Depois de ter realizado Fax Palle in Canna, uma sátira a Tex, chega à Sergio Bonelli Editore em 2003, desenhando uma aventura de Nick Raider e trabalhando sucessiva- mente em Magico Vento e Volto Nascosto, séries idealizadas e escritas por Gianfranco Manfredi, assim como recentemente teve oportunidade de desenhar uma história para Dylan Dog Color Fest. A sua entrada em Tex ocorre no Almanacco del West  2009, terminando a aventura Capitan Blanco que Manfred Sommer, entretanto falecido em 2007, havia iniciado. Estreia-se na série principal dois anos mais tarde, desenhando Mondego il Killer, aventura escrita por Mauro Boselli e onde é notória a evolução do traço do autor, mais à vontade com personagens e ambientes e com uma composição de Tex influenciada pelo modelo de Claudio Villa.

Oro Nero, o mais recente trabalho de Leomacs, vem revelar um desenhador de traço expressivo e detalhado, atencioso na construção das personagens, muito dinâmico nos enquadramentos e no desenvolvimento imprimido à narração, apresentando diversas pranchas onde alguns desenhos libertam-se para além dos limites tradicionalmente impostos pelos quadrados, revelando ser um valor seguro em Tex.

Na 4ª Mostra do Clube Tex Portugal, Leomacs fará alguns desenhos para gáudio do público

(Artigo e fotos reproduzidos, com a devida vénia, do Tex Willer Blog. Para aproveitar a extensão completa das imagens, clique nas mesmas).