NO 70º ANIVERSÁRIO DE LUCKY LUKE

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Num ano de septuagenários da BD, cujo aniversário (como o da revista Tintin) tem sido apoteoticamente celebrado por vários media, Lucky Luke o famoso cowboy que dispara mais rápido do que a própria sombra e é dono de um cavalo “filósofo” chamado Jolly Jumper e de Rantanplan, o cão mais estúpido do Oeste —, também teve direito a comemorações especiais, particularmente numa exposição organizada pelo 27º Festival Internacional da Amadora, ainda em curso (até ao próximo fim-de-semana), e num número hors-série da revista francesa Lire, já à venda nas bancas portuguesas pelo preço de 8,20 euros.

lucky-luke-lireRecheada de informações curiosas sobre a série, de imagens inéditas, de entrevistas (uma delas com o duo Jul/Achdé, autores do novo álbum que sairá em 4 de Novembro p. f.), de análises de críticos e especialistas, de memórias de viagem (quando Morris, aliás, Maurice de Bévère, o genial autor humorístico que foi rival de Hergé, com a “escola de Marcinelle”, se deslocou aos Estados Unidos, pátria do western, em companhia dos seus colegas Jijé e Franquin), e por último de várias histórias curtas nunca reeditadas em álbum, com alguns dos principais personagens do fabuloso universo de Lucky Luke, e pranchas da história que Morris (desaparecido em 2001) deixou incompleta — esta preciosa e luxuosa edição especial, com 122 páginas, deve merecer o interesse tanto dos amadores da série como da BD western, em geral, de que o carismático cowboy criado por Morris na revista Spirou (edição francesa), em Outubro de 1946, é o reflexo mais irresistivelmente e universalmente paródico.

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TEXTOS ESCOLHIDOS – 1

Não é muito vulgar, sobretudo nos tempos que correm — dado o desinteresse da juventude pelo western (vulgo, histórias de cowboys), salvo raras excepções, e a ausência absoluta de livros do género traduzidos para português, em contraste com o que acontecia há algumas décadas, graças a colecções de grande êxito publicadas por editoras como a Íbis ou a Europa-América —, ler artigos em jornais onde o tema é ressuscitado, por vezes com um entusiasmo e um conhecimento da matéria que nos deixam surpreendidos.

elmore-leonard-contosÉ o caso de um curioso texto assinado por Pedro Bidarra, com o título “O ponto cardeal da liberdade”, que fomos encontrar — durante uma última vistoria a um monte de jornais prestes a irem para a “sucata” — no Diário de Notícias de 4/10/2015, ocupando quase toda a mancha da última página deste conceituado periódico.

A propósito de um livro de contos do célebre autor de westerns e policiais Elmore Leonard, com várias obras de sucesso adaptadas ao cinema e à TV, Pedro Bidarra escreveu uma espécie de panegírico sobre um mito hoje quase olvidado (“a grande e épica contribuição americana para o imaginário global”), revelando muitas afinidades com o que os mais “maduros” fãs do género sentem desde que começaram a ler histórias aos quadradinhos e novelas de cowboys e a ver filmes com os maiores ídolos do western “made in Hollywood”, como John Wayne, Clint Eastwood, Roy Rogers ou Randolph Scott.

Nesta rubrica, onde apresentaremos sempre que possível textos igualmente interessantes, respigados de velhos jornais e revistas que guardámos por hábito (e com inevitável prejuízo do espaço), tem hoje lugar de destaque o eloquente artigo de Pedro Bidarra, retirado do esquecimento e do invulgar “escrínio” onde jazia.

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TEX E A BD DE PASQUALE FRISENDA EM GRANDE ESTILO NO FESTIVAL DA AMADORA

Inaugurada a deslumbrante exposição Tex e a BD de Pasquale Frisenda no Amadora BD 2016tex-e-a-bd-de-pasquale-frisenda-no-amadora-bd-2016-1

Por José Carlos Francisco (texto) e André Diniz (fotos)

O Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora abriu as portas ao “mundo dos quadradinhos”, inclusive ao Tex, no dia 21 de Outubro, pelas 21.30 horas. Música, fogo de artifício e muita animação fizeram parte do programa de abertura do grande acontecimento português relacionado com a BD. Foi uma agradável festa de inauguração, a do 27º AMADORA BD, que terá as portas abertas ao público até ao próximo dia 6 de Novembro, no Fórum Luís de Camões, na Brandoa, naquele que é o maior festival do género em Portugal e um dos mais conceituados da Europa.

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A 27ª edição do Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora (FIBDA) acolhe várias exposições e diversos autores nacionais e estrangeiros, mas para os fãs e coleccionadores do Ranger Tex o destaque vai para a estonteante exposição “Tex e a BD de Pasquale Frisenda, composta por uma selecção de pranchas originais das edições de Tex intituladas “Il segreto del giudice Bean” (”O segredo do juiz Bean“) e “Trappola a San Antonio” (“Atentado em San Antonio“), assim como do recente álbum da série Le Storie, intitulado “Sangue e ghiaccio” (“Sangue e gelo“), e ainda de esboços, estudos e páginas inéditas de Patagónia, o Tex gigante de 2009, que a Polvo Editora, chancela de Rui Brito, publicou no nosso país, em 2015, durante a 2ª Mostra do Clube Tex Portugal.

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Mas voltando à exposição em si, o trabalho da organização, sobretudo do cenógrafo Rui Mecha é verdadeiramente ESTONTEANTE, a ponto de receber os mais rasgados elogios por parte de inúmeros visitantes que já puderam apreciar ao vivo a fantástica decoração, assim como dos mais diversos autores italianos de Tex ao verem as maravilhosas fotografias que ilustram este nosso texto. Inclusive o próprio Pasquale Frisenda, que por motivos profissionais tinha declinado o convite para estar presente no fim de semana de 5 e 6 de Novembro, está a ponderar a vinda, como nos acabou de informar: Cercherò di farcela, José, anche se il periodo è un po’ pieno di impegni.” (“Tentarei ainda estar presente, José, mesmo sendo este um período cheio de compromissos“).

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Quanto aos comentários, damos a conhecer já seguidamente alguns deles no belo idioma italiano, porque pensamos que são perfeitamente perceptíveis: Che bel lavoro, molto bella la sala tutta decorata!“; “Hanno dimostrato una particolare attenzione anche a scegliere gli sfondi“; “Il pavimento con la mappa poi è spettacolare“; “La vogliamo anche in Italy una mostra cosi!“; “Ma che meraviglia! Questa è una mostra, Frisenda devi essere molto orgoglioso!“; “Un allestimento davvero sontuoso. Onore agli organizzatori”; “Ma che bello!!!“; “Uno dei rari casi in cui un allestimento fatto come si deve valorizza ed enfatizza il lavoro svolto da un autore… che siano tavole di un fumetto che siano quadri… soprattutto per quanto riguarda le luci…“; “Davvero una bella mostra, complimenti!“; “La mostra è bellissima, come pure l’allestimento. Sarebbe un vero peccato che Pasquale non fosse presente“; “Meraviglioso!. Mas também há, obviamente elogios portugueses: “Muito bom. Bravo!“; “Realmente um belo trabalho.“; “Fantástico!“; “Grande trabalho… Parabéns!“; “Espectáculo!“.

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Quanto a Pasquale Frisenda, eis as suas palavras referentes à surpresa que teve ao ver a sua exposição: Uma prova da perfeição do que organizam em Portugal, que eu já tinha tido o ano passado, participando no evento de Anadia (2ª Mostra do Clube Tex Portugal) com  o editor da Polvo Editora, que começou a publicar o Tex em Portugal, mas não obstante isso a atenção com que organizaram esta minha mostra surpreendeu-me.tex-e-a-bd-de-pasquale-frisenda-no-amadora-bd-2016-6

Com todos estes atractivos (e ainda outras surpresas, que em breve divulgaremos), podemos dizer sem medo de errar que esta é uma das maiores e mais importantes exposições de Tex realizadas a nível mundial; por isso, caro amante da Nona Arte, não deixe de comparecer na Amadora até ao dia 6 de Novembro e veja com os seus próprios olhos um pouco mais do mundo de Tex Willer!!! Em breve daremos mais informações a respeito desta exposição de Pasquale Frisenda, que decerto ficará gravada a letras de ouro no historial do Festival da Amadora, assim como na própria história de Tex no nosso país!

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(Nota: Texto e fotos reproduzidos, com a devida vénia, do Tex Willer Blog. Para aproveitar a extensão completa das imagens, clique nas mesmas)

UM BRINDE A TEX WILLER DE OLHO NO FUTURO – 2

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Os 45 anos da publicação sem interrupção de Tex nas bancas e discussão sobre o seu futuro editorial no Brasil.

Por  Adriano Rainho [1]

(Nota: 2ª parte de um artigo reproduzido, com a devida autorização, do Tex Willer Blog)

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Tex foi a única personagem publicada na revista Júnior até à edição nº 263 (Julho de 1957), em histórias continuadas, na ordem cronológica e no mesmo formato, “uma tira” (talão de cheque), que era publicado na Itália, até ao nº 177. E depois em formato um pouco maior, em duas tiras, até ao nº 263. A partir do nº 264, a revista Júnior passou a publicar histórias completas de outras personagens até ao seu final, no nº 277.

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Na época da editora Vecchi, foi publicada uma edição especial de luxo no formato gigante, com capa dura, no ano de 1980, com o seguinte título: O Ídolo de Cristal.o-idolo-de-cristal

No início dos anos 80, a editora Vecchi lançou uma nova colecção, aproveitando o sucesso que Tex fazia na época, com o nome de Histórias do Faroeste. Uma curiosidade foi que esta colecção chegou a ter dois números 22 no mês de Setembro de 1981, um normal e definitivo, com a capa com a história Welcome to Springville, e depois, com o tempo, ficou-se sabendo que chegou a ser editado antes “um outro número 22”, tendo como capa a primeira aventura de Texcontendo a primeira história publicada na Itália que nunca chegou às bancas naquele mês.

Diz a lenda que a editora Bonelli não permitia publicar Tex numa revista que não fosse somente de Tex e a editora Vecchi foi obrigada a destruir todos os números produzidos, mas o editor da época pegou um punhado destas revistas que conseguiu juntar e guardou-as para ele; hoje raríssimas, estão nas mãos de alguns poucos coleccionadores sortudos — eu sou um deles…  😀

Outra grande publicação foi o álbum de figurinhas de Tex editado em 1981, que faz parte da colecção Livros de Ouro da Juventude da editora Vecchi, nº 52, sendo uma réplica do mesmo álbum que tinha sido publicado na Itália anteriormente.

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A coleção de Tex 1ª edição ou “normal”, como outros coleccionadores costumam dizer, já comemorou 100, 200, 300, 400, 500 números. Que venha o nº 600!tex-no-100-e-200

No nº 300 — Oklahoma, publicado pela editora Globo — veio de brinde um autocolante especial.

No nº 400, veio de brinde um livreto com as 400 capas de Tex.

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No nº 500, veio de brinde um livreto com as 500 capas de Tex.

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Enfim, podemos garantir o quanto foi maravilhosa esta trajectória editorial de Tex no Brasil, até agora, mas a importante discussão actual é:

O futuro de Tex Willer e outras personagens Bonelli no Brasil

Nos dias 30 e 31 de Março e 1 de Abril de 2016, aqui mesmo no conceituado blogue português de Tex, coordenado pelo pard José Carlos Francisco, o nosso querido pard Zeca, o editor da Mythos, Dorival Vitor Lopes, fez um comunicado importante e em seguida alguns comentários sobre a continuidade das publicações das personagens Bonelli no Brasil:

— Primeiramente deixou claro para nós, leitores, que a crise económica e política que o nosso país atravessa está afectando directamente os custos de todas as matérias-primas e custos fixos utilizados para edição das revistas até ao momento em que são publicadas e distribuídas no país.

— Em segundo lugar, com o custo de vida cada vez mais alto, os leitores estão cada vez mais sem poder aquisitivo para adquirir os vários títulos que a editora publica, sendo que para segurar o aumento de preços existe o risco do cancelamento da publicação de algumas colecções.

— E também o aumento dos royalties pagos à Editora Bonelli, que são feitos em euros.

Ao final do comunicado, Dorival informa que no momento existem três opções:

— Podemos fazer só revistas de luxo, em tiragens pequenas, para aqueles poucos que têm condições de adquiri-las.

— Podemos ficar só com Tex Mensal e mais dois ou três títulos Tex que não dão prejuízo.

— Podemos partir para as publicações on demand.

Mas logo em seguida tranquilizou a todos nós, pelo menos em curto prazo, dizendo que para este ano, pelo menos, nada deverá mudar na nossa grade de publicações — a não ser que haja uma catástrofe no Brasil, o que não acontecerá.

Sendo assim, achei muito importante esta comunicação por parte da editora, antes que no futuro o barco possa naufragar, demonstrando uma abertura nas discussões. Até hoje, sempre senti que existia uma barreira entre nós, leitores, para com a editora, mas mesmo com algumas falhas da Mythos Editora no decorrer dos anos, devemos hoje agradecer, e muito, por ela manter Tex e as outras personagens Bonelli vivas aqui no Brasil, através de muitas colecções diferentes, a meu ver com uma qualidade de edição superior às três editoras que publicaram Tex e outras personagens Bonelli antes dela.

No meu ponto de vista, o mais importante é que estando a par desta situação podemos juntos, as partes interessadas, editora, leitores e coleccionadores Bonelli e de quadrinhos em geral, com visões e pontos de vista diferentes, encontrar e discutir soluções para todos os problemas existentes. Lógico que não existe uma fórmula mágica, mas com várias cabeças pensando e com as mãos na massa, não ficando apenas nas teorias, podemos traçar um caminho com várias estratégias diferenciadas.

Proponho, então, o seguinte ao Editor Dorival: uma reunião na sede da editora Mythos, numa data e horário marcados previamente e com antecedência, com todos aqueles que realmente queiram contribuir com suas ideias individuais e colectivas. Logicamente, quem for participar desta reunião deve confirmar com antecedência a sua participação. Tenho a certeza de que desta reunião irão surgir novas luzes no final do túnel!

Eu, Adriano Rodrigues Rainho, no meu site www.gibitecabrasil.com.br, ou através do contacto por email contato@gibitecabrasil.com.br, peço também que o pard GG Carsan, nos seus grupos de discussão criados no Facebook, Jessé Bico de Pena, através do Clube Tex e Zagor Brasil, José Carlos Francisco no blogue português de Tex, Portal TexBR, além de outros amantes dos quadrinhos através das suas redes sociais, façam também este chamado para todos aqueles que desejem participar desta reunião — e quem não puder comparecer pessoalmente que participe enviando as suas ideias e também as suas contribuições individuais, através destes canais de comunicação acima mencionados, que iremos colocar tudo em pauta para análise e discussão.

Como apaixonado pelas aventuras do meu Herói Tex Willer e de outras personagens Bonelli e querendo continuar a ler as aventuras destas personagens dos quadrinhos por muitos anos, tenho o dever de arregaçar as mangas e conto com todos que queiram colaborar para que esta ou outra proposta vinda de outra pessoa siga em frente.

Aguardo a resposta deste chamado, primeiramente do Editor Dorival Vitor Lopes, confirmando se aceita criar e agendar esta reunião, e em caso afirmativo da sua parte espero o contacto de todos aqueles que queiram participar para iniciar a divulgação em todos os meios de comunicação possíveis.

Viva Tex Willer, seus “pards” e todas as personagens Bonelli. Tenho a certeza de que Gian Luigi Bonelli e Sergio Bonelli estarão lá no céu nos dando aquela força para que mais 45 anos, no mínimo, as personagens Bonelli continuem a ser publicadas aqui no Brasil, a segunda casa de Tex no mundo, depois somente da Itália, onde ele é considerado um mito!!!!

Prezo a amizade, a honestidade e o senso de justiça entre as pessoas!!!
Aprendi com meu herói dos quadrinhos Tex Willer!
(Adriano Rainho)

[1] (Texto publicado originalmente no Site “Colecionadores de HQs“, em 1 de Setembro de 2016)

(Para aproveitar a extensão completa das imagens acima, clique nas mesmas)

RUBRICA DO OESTE – 8

A QUADRILHA SELVAGEM

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Quem viu o filme Dois Homens e um Destino, realizado por George Roy Hill, em 1969, e interpretado pelos carismáticos Paul Newman e Robert Redford, num dos melhores desempenhos das respectivas carreiras, decerto terá ficado com uma ideia romanceada (e profundamente falsa) da história de Butch Cassidy e Sundance Kid, dois dos mais perigosos malfeitores do Oeste americano, cuja triste fama perdurou muito além da sua morte, na Bolívia, para onde tinham emigrado a fim de escapar à impiedosa perseguição que lhe moviam as autoridades no território onde exerciam a sua nefasta actividade, assaltando bancos e comboios e cometendo outros actos de banditismo.
O cinema muito tem contribuído para adensar a aura romântica que reveste certos pistoleiros, sobretudo os que viveram ainda no século XIX, quando nas turbulentas paragens do Wild West era difícil distinguir, por vezes, os defensores da  lei —  ou que se faziam passar por tal — dos que a desafiavam abertamente, enveredando pelo caminho do crime.
Mas aqui têm, caros leitores, a verdadeira história de Butch Cassidy e de Sundance Kid, que chefiavam um temível bando conhecido pelo nome de Wild Bunch (Quadrilha Selvagem) e tinham fama, ao que parece verdadeira, de apreciarem a vida mundana, fazendo-se passar por respeitáveis cidadãos nos momentos de “ócio” e de folguedo — como, aliás, está bem retratado no filme de George Roy Hill, vencedor de quatro Óscares, um deles na categoria de melhor tema musical, com a célebre canção Raindrops Keep Fallin’ on My Head.
A página de BD que a seguir apresentamos, ilustrada pelo artista inglês Eric Bradbury, foi reproduzida do Mundo de Aventuras nº 853 (1ª série), publicado em 27/1/1966.

         

HUMOR À RÉDEA SOLTA – 4

UMA IDEIA ENGENHOSA

Aqui têm mais uma página humorística com uma história de outro grande desenhador espanhol, Arturo Moreno, que fez as delícias dos leitores de revistas como Pulgarcito, Mickey, TBO, O Mosquito, Tic-Tac e Diabrete, nos “anos de ouro” da BD ibérica.

Moreno foi uma das principais figuras dessa escola — que teve outro célebre expoente no seu compatriota José Cabrero Arnal (já apresentado nesta rubrica) —, sendo recordado ainda hoje por criações recheadas de fantasia e humor surrealista, como “Punto Negro en el País del Juego” (que as Edições O Mosquito publicaram em álbum, no final de 1937) e “Garbancito de la Mancha”, o primeiro filme europeu de desenhos animados de longa metragem (1945), cujo êxito lhe valeu o cognome de Walt Disney espanhol.

MATT MARRIOTT – UMA SÉRIE A RECORDAR

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No seu excelente fanzine Fandwestern (que já se publica desde os anos 90), José Pires acaba de reeditar mais um episódio da grande série Matt Marriott, intitulado “O Presídio Mexicano”, correspondente ao que saiu em 1973 no MA nº 1230 (1ª série), com o título “Uma Aventura no México”. Aqui se reproduzem ambas as capas, a título de curiosidade; mas não há dúvida de que aquela que merece nota mais alta é a do Fandwestern, por ter escolhido uma ilustração do próprio Tony Weare, com uma cena tauromáquica, o que é pouco vulgar em histórias de cowboys. Não lhes parece?

Mantendo sem desfalecimentos um ritmo regular de publi- cação, José Pires lançou também o mês passado um episódio inédito de Matt Marriott, com o título O Dia dos Lobos, excelentemente reproduzido a partir das tiras diárias originais. Os interessados podem contactar o faneditor através do seu email: gussy.pires@sapo.pt

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Voltaremos ao tema numa próxima oportunidade, com alguns artigos sobre esta magnífica série western de origem inglesa, criada em 1955 por Tony Weare (desenhos), Reg Taylor e James Edgar (argumentos). Apresentaremos também uma relação dos primeiros episódios publicados no Mundo de Aventuras e noutras revistas portuguesas, muitos dos quais já foram reeditados por José Pires no seu fanzine.

Entretanto, aqui ficam, para vossa apreciação, duas páginas do Fandwestern, respeitantes aos nºs 48 (O Dia dos Lobos) e 49 (O Presídio Mexicano).


REVISTAS DE TEX À VENDA EM OUTUBRO

Relação das revistas da Mythos Editora, distribuídas em Portugal, pela VASP – Distribuidora de Publicações Lda, durante o mês de OUTUBRO de 2016:

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CAÇADO!
Texto: Tito Faraci – Desenhos: Pasquale Del Vecchio

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Tex envolve-se numa luta com um grupo de bandidos que massacrou os habitantes de uma fazenda. Ferido, o Ranger é salvo pelo sargento aposentado Burke e pelo seu ajudante, o jovem Rufus. Burke envia Rufus à cidade vizinha de Springwood para avisar o xerife Parker. Mas quando Tex volta a si, apercebem-se de que o culpado do ataque é o próprio xerife, junta- mente com o poderoso rancheiro Neville.     P: 3,60€

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A SOMBRA DE MEFISTO

Texto: G. L. Bonelli – Desenhos: Aurelio Galleppini

História originalmente publicada em Tex italiano 265

Nesta edição veremos o final da aventura de Tex e Kit Carson, envolvidos no duro conflito entre duas empresas de transportes, a Butterfield e a sua desonesta rival Overland. E veremos também uma nova aventura de arrepiar, pois os dois maiores inimigos do Ranger voltaram para infernizá-lo… Claro que se trata do diabólico Mefisto e do seu filho não menos demoníaco Yama, dispostos a vingar-se dos seus inimigos jurados. Para isso, Yama vai pedir a ajuda dos seguidores da seita do vodu, de Nova Orleans, e também dos descendentes dos astecas que vivem na Serra Encantada.     P: 3,40€

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A BRUXA DO VODU

Texto: G. L. Bonelli – Desenhos: Aurelio Galleppini

História originalmente publicada em Tex italiano 266

Yama, o diabólico filho de Mefisto, lançou um desafio a Tex: irá esperá-lo no Vale Hermoso, onde, graças aos seus poderes infernais, conseguiu recrutar como aliados os últimos astecas, sobreviventes do antigo império. A luta afigura-se terrível e, por isso, El Morisco dá a Tex e aos seus parceiros quatro anéis mágicos, capazes de combater os feitiços de Yama.
P: 3,40€.

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A SANGUE FRIO

Texto:  Claudio Nizzi – Desenhos: Guglielmo Letteri

História originalmente publicada em Tex italiano 483 e 484

Um oficial aposentado, o Major Wingate, decide comprar um pe- queno rancho para começar uma nova vida. Mas não imaginava que na cidade de Federação, a mais próxima do seu rancho, imperava a violência e todo o tipo de falcatruas e de crimes. Sentindo-se em perigo, mas decidido a não abandonar as suas terras, o major resolve pedir auxílio aos seus amigos Tex e Carson.     P: 8,50€

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A IRA DE RICK MELVILLE/O PREÇO DO ÓDIO
Texto: Tito Faraci – Desenhos: José Ortiz & Ugolino Cossu

História originalmente publicada em Maxi Tex italiano 19

Esta edição traz duas histórias que evidenciam bem o conceito de justiça de Tex. A primeira aventura conta a história de um jovem perseguido desde a infância por acusações infames, entre as quais a do incêndio propositado que causou a morte dos seus pais. Mas seria mesmo ele o culpado? Só Tex e Carson podem fazer luz sobre a verdade! Na segunda história, os nossos heróis ficam a saber que os rebeldes Jicarillas de Puma Negro são acusados de vários massacres e do fim trágico de uma família de colonos. Mas alguns detalhes levam Tex a compreender que, mais uma vez, a razão não está do lado da lei dos brancos.     P: 9,00€

CINE-WESTERN E LITERATURA – 1

A CONQUISTA DO OESTE (HOW THE WEST WAS WON)

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Inaugurando esta rubrica, que irá certamente despertar o interesse de muitos dos nossos leitores e amigos, vamos falar de um livro sobre a epopeia histórica do Oeste americano e da sua relação com outra arte maior do western: o cinema.

Trata-se de um volumoso romance (com 350 páginas), assinado por um dos mais famosos autores de westerns, o novelista norte-americano Louis L’Amour (1908-1988), cujas obras foram várias vezes adaptadas ao cinema, contando com protagonistas de renome, como John Wayne (Hondo), Sean Connery e Brigitte Bardot (Shalako), Anthony Quinn e Sophia Loren (Heller in Pink Tights), ou Yul Brynner e Leonard Nimoy (Catlow).

Neste caso, o livro de L’Amour, com o título em português A Conquista do Oeste, parte do guião cinematográfico elaborado por James R. Webb (outro especialista do western) para o filme How the West Was Won, exibido em Portugal com o mesmo título do romance.

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a-conquista-do-oeste-5O êxito desta película, produzida em 1962 pela Metro- -Goldwin-Mayer e dirigida por três grandes realizadores, John Ford, Henry Hathaway e George Marshall, foi retumbante, graças ao seu elenco de ilustres vedetas, como James Stewart, John Wayne, Henry Fonda, Gregory Peck, Debbie Reynolds, Carrol Baker, Richard Widmark, George Peppard, Karl Malden, Eli Wallach, e sobretudo por ter sido filmada pelo inovador processo baptizado com o nome de Cinerama, que permitia a projecção simultânea de três câmaras numa grande tela curva, deixando os espectadores literalmente boquiabertos.

O livro está dividido em cinco partes — Os Rios, As Planícies, A Guerra Civil, O Caminho de Ferro, Os Foragidos —, correspondentes às várias etapas do filme, cujo tema aborda a história de uma família de pioneiros ao longo de cinco décadas (1839-1889) e de outros personagens que se cruzam nas trilhas selvagens e inexploradas do Oeste americano, desde os primitivos caçadores de peles, rudes e solitários como Linus Rawlings (interpretado pelo fleumático James Stewart, num dos melhores papéis da sua carreira), até aos dinâmicos engenheiros do caminho de ferro (como Richard Widmark), construtores das novas vias por onde a civilização penetrará nas terras virgens dominadas ainda pelos índios.

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Uma das cenas mais espectaculares surge neste episódio, quando uma enorme manada de bisontes, selvaticamente impelida por um bando de guerreiros índios, invade o acampa- mento da ferrovia, destruindo tudo à sua passagem e causando inúmeras vítimas. Mas a férrea vontade dos operários e a indómita coragem dos pioneiros continuaram a desbravar as pistas que conduziam ao coração do vasto Wild West, onde lançariam as sementes de um novo e próspero El Dorado — embora tendo ainda de travar duros combates, em nome da lei e da ordem (encarnadas por marshals como George Peppard), antes da paz reinar finalmente naqueles bravios territórios (tema da última parte do filme).

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Traduzido por Paulo Madeira Rodrigues, o livro de Louis L’Amour — cujo estilo vibrante e colorido dá densidade literária aos personagens e ao enredo do filme, ampliando a sua dimensão histórica e dramática — foi publicado em 1964 pela Editorial Íbis, um nome ligado a muitos títulos (e a uma colecção bafejada pelo êxito) que nos anos 60 fizeram as delícias dos apreciadores de westerns.

A mesma editora, sempre atenta aos maiores êxitos do cinema e ao aproveitamento comercial que poderia fazer a partir deles, lançou, nessa época, uma colecção de cromos constituída por mais de 250 fotogramas d’A Conquista do Oeste, em magníficas estampas coloridas, algumas de grandes dimensões. Caso o tema interesse aos nossos leitores, prometemos abordá-lo também neste blogue.

UM BRINDE A TEX WILLER DE OLHO NO FUTURO! – 1

adriano-rainhoOs 45 anos da publicação sem interrupção de Tex nas bancas e discussão sobre o seu futuro editorial no Brasil

Artigo de Adriano Rainho [1], reproduzido, com a devida vénia, do Tex Willer Blog

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um-homem-chamado-texTex é publicado no Brasil, sem interrupções, todos os meses, desde o mês de Fevereiro do ano de 1971, por quatro editoras diferentes: Vecchi, RGE, Globo e Mythos.

Trata-se de um fenómeno editorial, sem dúvidas, além de ser o meu grande herói dos quadrinhos.

É de carne e osso como nós — ele não tem super poderes —, mas está sempre lutando pela justiça em suas aventuras no Velho Oeste Americano!

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O número 1 tem como história O Signo da Serpente e veio com um brinde – um arco e flecha de brinquedo. Nos números 1 ao nº 37 (O Temível Coiote Negro) as revistas apresentavam formato italiano, 14cm de largura x 20,5cm de altura; a partir do nº 38, o tamanho da revista mudou para 13,5 cm de largura x 17,7 cm de altura.

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A colecção principal de Tex – eu costumo chamar de 1ª edição – não seguiu inicialmente a ordem cronológica italiana. A editora Vecchi, primeira a editar Tex, como estratégia de vendas publicou somente histórias completas em cada revista, do nº 1 até o nº 39. Somente a partir do nº 40 começou a publicar histórias continuadas em dois ou três números:

40 O Bruxo Mouro
41 – O Mistério das Pedras Venenosas
42 – A Caverna do Vale dos Gigantes

Desta aventura continuada, publicada em três revistas, surgiu o único filme de Tex para o cinema, no ano de 1985, em Itália: Tex Willer e Os Senhores do Abismo, tendo como actor protagonista o famoso Giuliano Gemma interpretando Tex. Lançado no Brasil primeiramente em VHS pela F J Lucas Vídeo.

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E depois em DVD pela Classic Line.

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Nas revistas nº 78, de Agosto de 1977, com a história Espectros, e na nº 160, de Janeiro de 1983, com a história O Vale da Morte, publicadas pela editora Vecchi, vieram encartados de brinde um póster super especial.

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A editora Vecchi foi quem publicou Tex até meados do ano de 1983 – desde o nº 1 até o nº 164: Selva Cruel. Em Outubro de 1983, a editora RGE (Rio Gráfica) manteve a numeração e lançou Tex 165: O Rosto do Traidor.

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A mesma editora publicou Tex até Dezembro de 1986, com o nº 206: Fuga de Anderville. Em Janeiro de 1987, Tex passa a ser publicado pela editora Globo, com o nº 207, intitulado O Hotel dos Fantasmas

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… permanecendo nesta editora até Dezembro de 1998 com o Tex nº 350: A Bomba Humana. A nova fase, com a editora Mythos, iniciou-se no nº 351: O Bando dos Irlandeses, de Janeiro de 1999, e segue até os dias de hoje com o nº 562: Caravana dos Bravos, de Agosto de 2016.

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A colecção de Tex teve uma segunda edição, que se iniciou em Abril de 1977 com o nº 1. Foram ao todo 150 números de Tex, que vão dos nºs 1 ao 149. A diferença ocorre porque enquanto Tex 94, da 1ª edição, trouxe uma aventura completa com o título Pacto de Sangue, a segunda edição trouxe Tex 94: Pacto de Sangue e Tex 94A: A Vingança de Águia da Noite, ou seja, a mesma aventura dividida em dois números.

A 2ª edição de Tex foi publicada por três editoras: Vecchi (dos nºs 1 ao 94), Rio Gráfica (dos nºs 94A a 134) e Globo (dos nºs 135 ao 149).

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(Nota: a 2ª parte deste artigo será publicada em breve)

 [1] Texto publicado originalmente no Site “Colecionadores de HQs“, logooficialblogem 1 de Setembro de 2016

Viva Tex Willer, os seus “pards” e todas as personagens Bonelli. Tenho a certeza de que Gian Luigi Bonelli e Sergio Bonelli estarão lá no céu dando-nos aquela força para que mais 45 anos, no mínimo, as personagens Bonelli continuem a ser publicadas aqui no Brasil, a segunda casa de Tex no mundo, depois somente da Itália, onde ele é considerado um mito!!!

Prezo a amizade, a honestidade e o senso de justiça entre as pessoas!!!
Aprendi com meu herói dos quadrinhos Tex Willer!
(Adriano Rainho)