OS MELHORES DO OESTE: FÉLIX AUBREY

Eis outra página de curiosidades do Velho Oeste extraída da revista brasileira Epopeia Tri nº 35 (Ebal, 1980), onde se publicou mais um episódio da famosa série italiana “Storia del West”, escrita por Gino D’Antonio e ilustrada por ele próprio, coadjuvado por Renzo Calegari, Sergio Tarquinio, Renato Polese e, mais tarde, Luis Bermejo.

POR QUE É QUE OS ÍNDIOS DA AMÉRICA DO NORTE TINHAM A ALCUNHA DE “PELES-VERMELHAS”?

Em todas as histórias do Oeste americano, os índios têm a alcunha de peles-vermelhas e os brancos de rostos-pálidos. Mas nenhum desses nomes corresponde à verdade… Os índios tinham feições tisnadas pelo sol da pradaria, mas muitos brancos, ao fim de algum tempo de permanência no Oeste, já não se distinguiam deles pela cor da pele, sobretudo os que levavam uma existência mais aventurosa. E ninguém lhes chamava peles-vermelhas…

De onde veio, então, esse nome? Encontrámos uma explicação curiosa e que nos parece ter foros de verdadeira, num velho exemplar da revista Reis do Faroeste nº 6 (Agosto de 1980), editada no Brasil pela Ebal (Editora Brasil-América Ltd).

Assim como os índios devem este nome a Cristóvão Colombo, que julgava ter chegado à Índia ao aportar ao Novo Continente, é plausível que outros navegadores tenham tido a mesma experiência, deixando-se levar pelas primeiras aparências.

A explicação para a alcunha de peles-vermelhas que surge naquela revista (com uma ilustração de Gino D’Antonio) parece mais racional. Ora leiam…

CURIOSIDADES DO OESTE: O OURO VERDE

Outra página de curiosidades do Oeste americano, desta feita sobre uma das mais preciosas matérias-primas do novo continente: a madeira das imensas florestas virgens que se estendiam da costa leste à costa do Pacífico e foram desbravadas pelos pioneiros, em busca de territórios férteis e pouco habitados pelos índios, para estabelecerem os seus lares.

Mais tarde, depois de construídas as cabanas e as granjas dos colonos, esse “ouro verde” começou a ser explorado de forma mais intensiva pelos lenhadores ao serviço de empresas madeireiras da Califórnia e de outras regiões, onde o constante aumento da presença humana provocou o aparecimento, a ocidente das Montanhas Rochosas, das primeiras cidades densamente povoadas e quase todas feitas de madeira, como São Francisco.

Esta página, com desenhos de Gino d’Antonio, foi reproduzida da revista brasileira Epopeia-Tri nº 47 (1985), cuja história, com o título “O Rio Perdido”, aborda o mesmo tema.

ROY ROGERS E A PUBLICIDADE – 2

Como era fácil a um rapaz dos anos 50 sentir-se na pele de Roy Rogers, o rei dos “cowboys”!

Comprovando a enorme popularidade de Roy Rogers nos seus tempos de glória, quando era o “rei” dos seriados de cinema e de televisão, em companhia de uma fogosa amazona — Dale Evans, a “rainha” do western, com quem teve um longo e feliz matrimónio —, eis outro anúncio de uma firma norte-americana, a Sears, com um variado e completo sortido de trajes de cowboy (chapéus, camisas, lenços, calças, cintos, luvas, polainas, esporas), destinados aos rapazes americanos e idênticos em todos os detalhes, até nas cores garridas, aos que Roy Rogers usava nos seus filmes e em público.

Com o patrocínio do “rei dos vaqueiros”, esta campanha, efectuada em 1952, foi também coroada de êxito, assegurando-lhe uma boa maquia pela utilização do seu nome e imagem e uma quota ainda maior de popularidade junto dos seus jovens admiradores.

CURIOSIDADES DO OESTE: O PISTOLEIRO “MARSHAL”

Oriunda do Mundo de Aventuras 714 (1ª série), eis mais uma página de curiosidades dedicada a uma personagem verídica do Wild West, pelo traço de Geoff Campion, um versátil desenhador inglês, especialista em histórias de cowboys, mas que também ilustrou muitas aventuras do célebre Major Alvega (aliás, Battler Britton), desde os primeiros episódios publicados na revista Sun.

“RODEOS” E CAVALOS: DUELO DE TITÃS

Imagem espectacular de um rodeo, nos EUA, com um cowboy que parece literalmente voar da sela, como projectado por uma catapulta, e um cavalo que escouceia, com todo o vigor do seu corpo, parecendo também suspenso no ar.

O desfecho do duelo é incerto, pois quando os olhos de um mustang selvagem brilham de fúria, até o mais destro cavaleiro corre o risco de “morder” a poeira e de ser pisado pelos cascos do seu indomável adversário.

Mas o cowboy da imagem não larga as rédeas, como se formasse com a montada um bloco sólido, uno e inseparável, perante o gáudio dos espectadores.

O vencedor foi aquele que demonstrou mais coragem e resistência, num duelo de titãs cuja duração pareceu, decerto, a ambos uma eternidade… 

OS TRAJES ESPAMPANANTES DOS “COWBOYS” CANTORES E QUEM OS CRIOU

Roy Rogers e Dale Evans

Por Jorge Magalhães

Ninguém acredita que, na vida real, os cowboys usassem camisas tão espalhafatosas, pois certamente seriam alvo de galhofa por parte dos seus camaradas, homens rudes que passavam a vida ao ar livre, de volta do gado, e pouco tempo tinham para se aperaltar, mesmo quando, de mês a mês, tiravam uma folga para um curto passeio até à cidade mais próxima, onde podiam gastar numa noite o soldo de várias semanas de trabalho.

O hábito dos trajes espampanantes, que faziam as delícias da garotada e das meninas que se derretiam à vista dos seus actores predilectos, nasceu no cinema, sobretudo durante a época dourada dos westerns da série B e dos cowboys cantores como Gene Autry e Roy Rogers, que faziam gala de exibir nos seus filmes uma vasta colecção de camisas bordadas com motivos folclóricos (e muitos outros), parecendo até que se desafiavam para ver quem averbava, nessa categoria, os maiores louros.

E verdade se diga que quer Gene Autry, quer Roy Rogers e a sua partenaire Dale Evans (com a qual estava unido, também, pelos laços do matrimónio), inspiraram muitas modas nos anos 40 e 50 do século passado, fazendo a fortuna dos fabricantes de camisas [1] e a alegria dos jovens espectadores de cinema, sempre ávidos de emoções fortes, como tiroteios, cavalgadas, lutas com os índios e os bandidos, rixas nos saloons… mas também de cenas românticas, em que os bravos cavaleiros seduziam as donzelas com a sua destreza equestre, os seus dotes musicais e o garbo do seu porte, realçado pelas espampanantes camisas bordadas com todo o requinte.

E elas, as cowgirls como Dale Evans, caprichavam em seguir-lhes o exemplo, arrancando também assobios e aplausos às plateias em delírio que não se cansavam de venerar os seus heróis… e as suas heroínas, nos westerns da série B!

Gene Autry

[1] Nota curiosa: tanto Roy Rogers como Gene Autry (e muitas outras celebridades da Meca do cinema) foram clientes do mais famoso alfaiate de Los Angeles, Nudie Cohn, um emigrante ucraniano que se estabeleceu na Califórnia e enriqueceu com as suas criações extravagantes, como a do milionário fato em lamé dourado que Elvis Presley usou nas suas primeiras aparições em palco, avaliado em $10,000, quantia fabulosa nessa época (1957). Quanto terão custado as camisas de Roy Rogers, Dale Evans e Gene Autry?

O CÉLEBRE ENCONTRO DE TEX COM BUFFALO BILL

Poster Tex Nuova Ristampa #285

Nesta belíssima “fotografia”, ou melhor, ilustração da autoria de Claudio Villa [actual capista da mais popular série da BD western] vemos em frente ao Wild West Show estacionado na cidade de Nova Orleans, um cumprimento especial entre o famosíssimo Tex Willer e o não menos famoso Buffalo Bill Cody, tendo Kit Carson e Annie Oakley, uma exímia atiradora, como testemunhas desse reencontro entre dois ícones do Velho Oeste.

Desenho inédito no Brasil e inspirado na história “Il ritorno del Maestro”, de Mauro Boselli e Guglielmo Letteri (Tex italiano #435 a #438).

(Imagem e texto extraídos do Tex Willer Blog. Para aproveitar a extensão completa do poster, clique no mesmo).

AS IMAGENS DA BD SERÃO MAIS REALISTAS?

Por Jorge Magalhães

A Banda Desenhada tem destas coisas… Consegue juntar personagens reais com heróis cujas proezas são fruto unicamente da imaginação — neste caso, os nossos bem conhecidos Tex Willer e Kit Carson e duas figuras míticas do lendário Oeste americano, também recriadas pelo cinema e pela BD, Buffalo Bill e Annie Oakley, fielmente retratadas na imagem —, dando um cariz vívido tanto a uns como a outros. O que cria um paradoxo entre ficção e realidade, porque as imagens desenhadas são menos fugazes do que as imagens que brilham e perpassam, rápidas, numa tela de cinema ou num ecrã de TV.

Digamos, por outras palavras, que no nosso imaginário as personagens da BD têm uma dimensão mais real (e, ao mesmo tempo, mais onírica) do que as que figuram em livros, revistas, gravuras ou até filmes. Não só por terem espessura física — a que lhes é conferida pelo traço dos desenhadores —, mas também por terem alma — a que lhes é conferida pelas palavras e pelo pensamento dos guionistas. E também por serem imagens fixas — sem movimento aparente, mas que formam um conjunto e variam de cena para cena, criando uma dinâmica própria —, com as quais o leitor pode estabelecer uma relação mais próxima, pois estão sempre presentes, não se desvanecem como as do cinema, numa sucessão de instantes que nunca se repetem durante a exibição de um filme.

Nos livros podemos imaginar as personagens, o seu aspecto físico, o seu vestuário, as suas maneiras, até os locais onde vivem ou por onde passam, mas não as vemos nem ouvimos as suas palavras, só fixamos o seu pensamento e as suas acções. Estão presentes, mas distantes de nós. Tal como num quadro ou numa fotografia, cujas figuras também são mudas e em que a dinâmica do movimento, mesmo aparente, não existe. Além disso, pertencem ao passado, ao tempo em que foram pintadas ou fotografadas. Somente a BD, arte intemporal, tem o poder de transfigurar as imagens, criando a ilusão de que falam, através dos balões ou filacteras (que são uma extensão da própria voz), e de que estão em movimento, embora permaneçam sempre no mesmo lugar. 

No teatro as personagens ganham outra vida, são reais, de carne e osso, podem até sair do palco para meter conversa connosco. Mas desaparecem quando o espectáculo acaba. Só poderemos voltar a vê-las se regressarmos ao teatro. E com uma certeza: a de que os actores são os mesmos, mas as personagens já se transformaram, já mudaram, mesmo imperceptivelmente, porque nunca há dois momentos de representação iguais. Só no cinema, depois de escolhidos os takes na altura da montagem.

Posto isto, ficam as belas imagens da Banda Desenhada e de Tex Willer, em particular — que são tão imutáveis como as palavras escritas (ou como os fotogramas, quando separados uns dos outros) —, e as suas personagens icónicas, que têm sobre as demais a grande vantagem de viverem num plano dimensional onde o tempo não existe, ao contrário do que se passa nos filmes e até nos livros. Ora vejamos…

Quando estamos a ver um filme, é como se viajássemos no tempo (e as personagens acompanham-nos); quando lemos um livro, é o nosso pensamento que forja a sequência temporal (e as personagens respondem-nos, através da cortina invisível que esconde a sua identidade); quando passeamos o olhar por uma sucessão de imagens de BD é como se estivéssemos parados no tempo… como se fossem elas a guiar-nos por um caminho onde princípio e fim acabam sempre por encontrar-se, num eterno presente.

Cristalizando essa dimensão, a BD (cujos heróis evoluem no tempo, mas raramente envelhecem) torna as suas imagens ainda mais reais. Um hiper-realismo que ultrapassa o de qualquer outra forma de arte!

ROY ROGERS E A PUBLICIDADE

Atestando a enorme popularidade de Roy Rogers nos seus tempos de glória, quando era o “rei” incontestado dos seriados de cinema e de televisão, em companhia do seu cavalo Trigger e de uma bela e fogosa amazona — Dale Evans, a “rainha” do western, com quem teve um longo e feliz matrimónio —, este anúncio comercial de uma reputada firma norte-americana, a Sears, apresentava, nos anos 1950, um variado sortido de vistosas botas de cowboy, idênticas às que Roy Rogers usava nos seus filmes.

E a campanha, segundo registos da época, foi coroada de sucesso, rendendo decerto ao “rei” dos vaqueiros uma boa maquia pela utilização do seu nome e imagem.